Rede estadual de Educação fortalece atendimento a estudantes surdos ao ofertar formação para professores e famílias

Rede estadual de Educação fortalece atendimento a estudantes surdos ao ofertar formação para professores e famílias

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Além do atendimento a alunos surdos nas escolas regulares, com profissionais de apoio e professores de AEE, a rede estadual conta com o Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS) e convênio com o Centro Especial Elysio Campos
 
Quando Lara Jakeline da Silva Vitorino decidiu matricular seu filho, Lucas da Silva Vitorino, de 8 anos de idade, em uma unidade escolar conveniada à rede estadual de Educação, seu maior medo era o de que o estudante não se adaptasse à escola.

“Eu falava para as professoras ‘quando o Lucas vier, não estranhem porque ele é tímido’, mas fui eu que passei vergonha (risos). Ele se soltou de tal maneira que eu, mesmo sendo a mãe, nunca tinha visto”, relembra Lara Jakeline em tom de alegria.

O menino, que é deficiente auditivo, é um dos 57 alunos do Centro Especial Elysio Campos, escola especial bilíngue conveniada à Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc), e um dos 687 estudantes com deficiência auditiva, surdos ou surdo-cegos matriculados em uma unidade da rede pública estadual de ensino.

Centro Especial Elysio Campos

Centro Especial Elysio Campos, localizado em Goiânia, é uma das 60 escolas conveniadas à rede pública estadual de Educação. Vinculada à Associação do Surdo de Goiânia, a unidade escolar é uma das pioneiras em fornecer o atendimento educacional bilíngue, tendo a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua de instrução e a Língua Portuguesa escrita como segunda língua.

“Todo o trabalho, desde o espaço físico, o material, as atividades e os vídeos, é construído pensando nessa comunicação para o ensino-aprendizagem e na língua dos surdos, que é a Libras”, explica a gestora do centro, Alessandra Matos Terra.

Nessa perspectiva, todas as aulas para as turmas do 1º ano do Ensino Fundamental à 1ª série do Ensino Médio são ministradas em Libras, por professores fluentes. Além dessa especificidade, os estudantes atendidos na unidade escolar têm as aulas da linguagem de sinais e uma outra disciplina chamada Cultura Surda, na qual aprendem elementos específicos da cultura do surdo, sua identidade e sua história.

“Diferente das escolas regulares inclusivas, onde o aluno surdo está na sala com um intérprete e normalmente a única pessoa que sabe sua língua e comunica com ele é o intérprete, aqui todos sabem Libras, conseguem comunicar, ensinar, socializar com esse sujeito surdo. E as famílias são motivadas a aprender também essa língua”, ressalta a gestora.

Em agosto desse ano, o presidente da República Jair Bolsonaro sancionou a Lei nº14.191, que dispõe sobre a oferta de Educação bilíngue para surdos. De acordo com a norma, a modalidade de ensino deve ser ofertada aos estudantes optantes pela Educação bilingue, como forma de proporcionar aos surdos a recuperação de suas memórias históricas, a reafirmação de suas identidades e especificidades, a valorização de sua língua e de garantir o acesso às informações e conhecimentos técnicos e científicos.

Atendimento de estudantes com deficiência auditiva nas escolas regulares

Todos os jovens e crianças com deficiência auditiva atendidos em escolas regulares da rede pública estadual de Educação de Goiás contam com um intérprete de Libras nas salas de aula, responsável por mediar as relações durante o processo de ensino-aprendizagem.

“A presença do intérprete nas salas de aula das escolas regulares promove e favorece a interação e comunicação do aluno surdo com o professor e com os demais colegas no ambiente escolar”, explica o gerente de Educação Especial da Seduc, Weberson de Oliveira Morais.

Além do profissional intérprete, são disponibilizados aos estudantes surdos os recursos e serviços das salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Nestes espaços, os estudantes com deficiência, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e altas habilidades/superdotação, são atendidos por professores de AEE e profissionais de apoio no contraturno escolar.

“Ainda que assegurado o direito do aluno, é o fazer pedagógico, com a atenção voltada às especificidades linguísticas do estudante surdo, que promove a sua constituição enquanto sujeito e, consequentemente, favorece a sua participação e  inclusão no âmbito escolar”, justifica Weberson Morais sobre a importância desse olhar cuidadoso a esses estudantes durante o processo formativo.

CAS

Para dar suporte aos profissionais da Educação, estudantes deficientes auditivos e seu familiares, a Seduc disponibiliza ainda o atendimento no Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS).

Criado em 2005, o CAS atualmente oferece a assessoria pedagógica às unidades escolares, subsidiando a formação e a produção de materiais pedagógicos. Além do curso de Libras, são disponibilizados cursos de Intérprete de Libras e de Atendimento Educacional Especializado para professores e demais profissionais da Educação.

“Os familiares também são atendidos. Eles aprendem sobre a importância de inserir os filhos no cotidiano familiar, além de aprenderem Libras. Muitos iniciam no grupo da família e depois migram para os cursos formais”, conta a gestora do CAS, Andreia Lino do Carmo.  

Já para os estudantes com deficiência auditiva, o centro oferece os cursos de Língua Portuguesa como segunda língua para surdos e Libras como segunda língua. Os atendimentos para esse público, durante o período da pandemia de Covid-19, estão ocorrendo uma vez por semana, com duração de duas horas, via plataforma virtual Zoom.

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